Objetivo é desenvolver caprinos transgênicos que expressem, no leite, as substâncias lisozima e lactoferrina

A Universidade de Fortaleza (Unifor) é uma das instituições de ensino do País atuantes nas pesquisas da Rede de Caprino-Ovinocultura e Diarréia Infantil do Semi-árido (Recodisa). Esse projeto tem como principal objetivo o desenvolvimento de caprinos transgênicos que apresentem, no leite, lisozima e lactoferrina humanas em concentrações compatíveis com as presentes no leite humano. Ontem, o projeto foi apresentado no I Workshop Recodisa, na Unifor.

A intenção do projeto, conforme o pesquisador e professor doutor da Unifor, Renato de Azevedo Moreira, é o desenvolvimento de caprino transgênico com leite que expresse as substâncias lisozima e lactoferrina. Isso porque elas são consideradas imunomoduladoras e antibióticos naturais que garantem proteção pelo leite.

O projeto, que envolve várias instituições, vai ser realizado em diferentes etapas, que compreendem o estudo etiológico da diarréia no semi-árido; o desenvolvimento do caprino transgênico com leite contendo as substâncias; a análise proteômica e o desenvolvimento do leite; além de estudos pré-clínicos e clínicos com o leite do caprino transgênico.

A Unifor, conforme Renato Moreira, vai executar duas etapas do projeto, que diz respeito à produção do caprino transgênico, juntamente com a Universidade Estadual do Ceará (Uece), e também à análise proteômica e desenvolvimento do leite, que vai avaliar a estrutura das proteínas produzidas e se elas estão presentes em quantidade compatível com a esperada. Já a Universidade Federal do Ceará (UFC) executará a parte do estudo da diarréia no semi-árido e os pré-clínicos e clínicos. A Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, também participa do projeto.

Ele informa que para a análise da estrutura das proteínas presentes no leite da cabra transgênica será construído um Laboratório de Proteômica na Unifor, que impulsionará uma série de pesquisas já realizadas na instituição, como as da Rede Nordeste de Biotecnologia. “Podemos iniciar a qualquer momento. Esperamos somente a liberação dos recursos, que já foram autorizados”, explica.
A previsão, conforme o professor, é que num período de aproximadamente dois anos as pesquisas sejam finalizadas até a fase de estudos pré-clínicos, com animais. Já a fase de estudos clínicos em humanos deve acontecer após esse período.

BIOMEDICINA Projeto busca novos remédios

O projeto Recodisa, cujas pesquisas serão realizadas entre 2009 e 2011, faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Biomedicina do Semi-Árido Brasileiro. Coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e com participação da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), tem a missão de encontrar novos medicamentos capazes de curar doenças simples e complexas freqüentes em populações que residem na região do semi-árido brasileiro.

O Instituto de Biomedicina foi contemplado com R$ 7 milhões no fim do ano passado, como resultado do edital do Programa Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para realizar pesquisas em que o desenvolvimento sustentável do País, na área científica, seja a principal meta. Os recursos são provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e serão repassados em até três anos.

Além deste, outros dois institutos no Ceará também foram contemplados com R$ 4 milhões cada: o INCT de Transferência de Materiais na Interface Continente-Oceano, que pesquisará como o uso da terra e as mudanças climáticas alteram a dinâmica de transferência de materiais do continente para o mar e quais as respostas do ambiente costeiro a essas transformações; e o INCT em Salinidade, que buscará soluções para o problema de salinização da água.