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 Transgênicos cearenses


Jornal OPOVO, Domingo, 30 de janeiro de 2011  

Ciência & Saúde
DESTAQUE


Os quatro simpáticos cabritos transgênicos que nasceram há poucos meses na Universidade Estadual do Ceará (Uece) são aparentemente iguais a cabras e bodes comuns. Apesar das semelhanças, os filhotes carregam o gene humano Fator Estimulante de Colônia de Granulócitos (G-CSF), proteína humana indispensável para o sistema imunológico.

A importância de se introduzir parte do DNA humano em cabras e bodes se explica. A partir da obtenção de cabras transgênicas que secretam no leite essa proteína, será possível o barateamento do tratamento de pacientes que precisam de reforço no sistema imunológico. Entre quem pode ser beneficiado estão os que necessitam de altas doses de quimioterapia, além dos pacientes em tratamento de HIV, leucemia, neutropenia febril e pneumonia. Cinco doses de “Filgastrin”, medicamento disponível no mercado para o tratamento, custam R$ 2.500.

De acordo com o professor Vicente Figueirêdo, coordenador do Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR), estão no laboratório da Uece os únicos caprinos transgênicos da América Latina. “Já atingimos três objetivos: demonstrar que o macho transgênico é normal e fértil; demonstrar que ele é capaz de passar o gene humano para a sua descendência e criou-se a base para fazer o rebanho transgênico secretando essa proteína”, enumera.

A meta agora é se chegar a pelo menos dez cabras secretando GSF e, assim, poder atender do ponto de vista comercial a produção do medicamento. “Se a gente tiver um rebanho apto a obter esse medicamento em cabras transgênicas vamos deixar o País independente nesse tipo de proteína”, projeta Vicente.

Atualmente, a cabra transgênica “Camila” já secreta a proteína. Dos quatro filhotes recém-nascidos, dois são fêmeas e já poderão secretar leite após atingir idade adulta. Os cabritos são crias do bode transgênico “Tinho” e foram gestados em “barriga de aluguel”. Com a rápida gestação dos caprinos (em torno de cinco meses) e elevado número de filhotes por parto (de três a quatro), a perspectiva de se atingir a meta de dez cabras secretando GSF é bastante promissora: de um a dois anos. (Thiago Mendes)

Para a pesquisa com caprinos na Uece, foram investidos pelo poder público R$2 milhões em financiamento. “Isso torna nossos caprinos os animais transgênicos mais baratos do mundo”, garante Vicente.

Como a lei brasileira não permite o patenteamento de frutas e animais, o Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR) deve buscar patente internacional da descoberta. O professor Vicente informa que já houve contato de empresa americana especializada em patentes.

Além da produção para elaboração de medicamentos, os animais transgênicos também são usados como modelo de estudo de doenças humanas e para a produção de orgãos “humanizados” para transplantes (pesquisa com porcos, por exemplo.

Por conta da qualidade da pesquisa feita na Uece, os artigos produzidos pelo LFCR começaram a ser citados por grupos nacionais e internacionais. “Com isso, você aumenta a produção científica, a comunidade científica reconhece a capacidade do grupo, começa a citá-lo e o grupo vai ficando mais conhecido e creditado no meio acadêmico”.

IBISAB - Doenças Diarréicas, Desnutrição e Saúde Bucal